Ser Pãe…

SCRAPBOOK
MAIO 08.2016

Sabe quando você é pequena e tem aqueles sonhos que vai crescer, formar uma família e ser feliz para sempre?! Bom nem sempre os sonhos acontecem como imaginamos…

Nunca pensei que casaria para me separar um dia. Fiz de tudo ao meu alcance para evitar o inevitável, mas a separação aconteceu e lá estava eu, solteira, depois de 12 anos com meu parceiro. E ainda com dois filhos a tiracolo.

Preciso admitir que ser solteira com dois filhos me apavorou no começo. Como eu conseguiria cuidar sozinha de duas crianças?! Será que, com dois filhos, algum cara se interessaria por mim? Como iria trabalhar para sustentá-los? Eu me fiz milhões de questionamentos pós-separação.

Minha autoestima estava mais para baixa estima. Eu estava gordinha, com coração partido e a um pé da depressão. O que me fez levantar?! Minha família!

Que coisa fantástica foi ter uma grande mãe, que não me permitiu lamentar pela minha vida e me fez levantar a cabeça e lutar pelos meus bens mais preciosos: meus filhos.

Senti-me perdida por um bom tempo, sem chão. Porém, de fato, eu não tinha muito tempo para chorar, pois era mãe de um bebê de apenas cinco meses e de uma menininha de três anos. As noites perdidas eram mais longas que antes. Não que antes eu tivesse ajuda do meu parceiro, porque eu nunca a tive. Mas as noites eram mais longas porque eu não tinha mais uma família e isso me corroía por dentro. Meu sonho tinha sido destruído. Meu coração estava em migalhas e eu me sentia perdida.

O primeiro ano de separação foi um ano de conflitos. Eu me culpava de ter escolhido o homem errado para ser o pai dos meus filhos. Eu estava amargamente arrependida por ter largado a minha vida profissional na Europa por amor. Passei por muitos momentos de sufoco e cansaço e, sinceramente, não achei que fosse superar toda a minha dor e angústia.

Eu não nasci para ser mãe! Eu gritava nos momentos de desespero. Não sabia mais lidar com as constantes trocas de babás ineficazes, as infinitas noites perdidas, o desinteresse do pai pelo bem-estar dos seus próprios filhos, o cansaço, o stress do trabalho. Era demais para mim…

Mas eu tive que levantar e seguir a diante. Houve um momento que detestei ser mãe dos filhos dele e que queria voltar no tempo e mudar tudo, mas foram as minhas escolhas e eu as tive que encarar.

Iniciei fortificando minha autoestima. Voltei a malhar, comecei uma reeducação alimentar séria, foquei em mudanças no trabalho para ter mais tempo para meus filhos e finalmente a transformação na minha vida começou a acontecer.

Passei um ano cuidando de mim e de meus filhos. Descobri que eu tinha uma força que desconhecia. Eu me fortifiquei para ser a “pãe” que meus filhos precisavam.

Criar e educar duas crianças sozinhas são um grande desafio, e sei que não sou a única mulher do mundo que passa por isso. Muitas mulheres passam por isso e admiro cada uma delas.

Muitos homens, depois que se separam, esquecem seus filhos. Na maioria dos casos de separação, a mãe fica com boa parte das responsabilidades, a gente sabe disso. Claro que existem exceções – pais que fazem questão de participar da educação e da criação de seus filhos pessoalmente e financeiramente, sem fingir ser apenas bons pais nas redes sociais ou na frente dos amigos.

No meu caso, eu me vi responsável praticamente sozinha pelo sustento e pela criação dos meus filhos. Isso foi meio desesperador no inicio e confesso que ainda me dá um frio na barriga pensar que duas vidas dependem só de mim.

Conciliar o trabalho, que absorvia muito do meu tempo, com a criação de duas crianças foi muito difícil no começo. Não que seja fácil agora, mas a experiência foi suavizando as circunstâncias atenuantes. Eu perdia muitas noites trocando fraldas, dando leite às crianças, sem contar com as inúmeras viroses. Era e é uma loucura quando eles adoecem. Um fica doente e outro logo em seguida. Isso afeta muito nossa vida profissional, pois a agenda é mudada constantemente, o que para uma profissional liberal é muito ruim. Não é só a constante mudança na agenda profissional que interfere no seu progresso financeiro, mas principalmente a exaustão física e mental, que acaba diminuindo o nosso rendimento e concentração.

Bom, eu tive que aprender a driblar o cansaço e focar no trabalho, pois as contas chegavam todo mês e o custo de dois filhos é alto.

Eu acho que uma das coisas mais difíceis foi ter a casa cheia de estranhos. Sei lá, passei dez anos fora do Brasil, fazia tudo sozinha e de repente tive que me habituar com esse novo membro da família chamado: babá. Para ser bem sincera, acho que nunca vou me acostumar com as babás e não vejo a hora das crianças crescerem e não precisarem mais delas. Até lá, Deus me ajude e me dê paciência!!

E cá estamos nós, quase três anos após a minha separação. Continuo perdendo noites, não viajo como gostaria de viajar, meu tempo livre é divido entre ser pãe, trabalhar e fazer as coisas que gosto. Estou em fase de novos projetos, e esse site era um deles.

Se me arrependo da separação?! Nem por um minuto. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito por mim e pelos meus filhos. Eu nem lembro a última vez que estive tão bem comigo mesma como estou agora.

Continuo solteira por opção. No momento, não tenho muito tempo e espaço para um relacionamento. E também essas coisas acontecem de repente, quando menos esperamos. Curti muito a vida por um ano (depois daquele ano em que estive mais introspectiva), tirei um ano para ser feliz, sem me esquecer de todas as minhas responsabilidades. Fiz novos amigos, já que depois da separação acontece um afastamento natural dos seus amigos casados. Conheci muitas mulheres como eu, mães separadas e formamos um novo grupo de mulheres livres e felizes, mas com suas responsabilidades de mães.

Nunca sonhei em me casar de véu e grinalda e acho muito difícil começar a sonhar com isso agora. Namorar é ótimo, cada um em sua casa. Eu sou casada comigo e com meus filhos e está bom demais.

Meus filhos estão crescendo, tento ocupar os dias deles com a escola e atividades extracurriculares, como esportes. Diga-se de passagem, tem sido muito melhor do que deixá-los passar seu tempo livre grudados numa televisão.

Como Lily já tem quase seis anos, temos sempre uma tarde por semana para nós duas, então faço tudo o que ela quer nesse dia.

Ambos adoram desenhar como eu, então, vira e mexe e estamos todos sujos de tinta nos divertindo. Sempre encontro um jeito de me divertir com eles.

Eu não sei se sou a melhor mãe do mundo, mas eu faço tudo o que posso por eles. Ninguém nasce preparado para ser mãe e ninguém me avisou que ia ser tão difícil. Definitivamente ser mãe é padecer no paraíso e sei que esse “trabalho” nunca terá um fim. Aí você me pergunta: “você gosta de ser mãe?”.

Eu não sei se gosto de ser pãe, mas meus filhos são tudo pra mim. Passo a semana exausta, esperando o meu fim de semana de descanso e me pego chorando quando acordo num domingo em que eles não estão do meu lado. Todo cansaço e estresse que passo os criando são recompensados quando eles sorriem para mim e me chamam de mãe. Sinto um amor tão grande que não cabe em mim, daria minha vida por eles… acho que isso é ser mãe!!

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Autor: Gaby Negromonte

Mãe, Estilista, Stylist, Consultora Criativa, Consultora de Moda, Consultora de Imagem, Técnica em Ciência Têxtil, Empresária, Turismóloga, Globe Trotter, Poliglota e Curiosa…

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