Entrevista com o Sr. Pedro Silva Reis, presidente da Real Companhia Velha. Uma das mais antigas e importantes vinícolas do mundo

GASTRONOMIA
NOVEMBRO 29.2016

 

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Sr. Pedro Silva Reis – Foto: Gabriella Negromonte

 

Em sua visita a Bahia para um Evento no Bistrot du Vin Adega, o Sr. Pedro Silva Reis, presidente de uma das mais antigas e importantes vinícolas do mundo, nos cedeu uma entrevista EXCLUSIVA onde nos conta um pouco da história da Real Companhia Velha e ainda fala da sua relação com o Brasil e a Bahia. E acreditem sua relação com a Bahia envolve gratidão e carinho a um dos maiores empresários baianos que conheceu há 32 anos.

Fizemos a matéria com Sr. Pedro durante um almoço oferecido para ele na residência da Familia Mendonça no dia 28 de outubro, um dia após o evento no Bistrot Du Vin Adega.

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José Mendonça Gabriella Negromonte Pedro Silva Reis Vivianne Mendonça Claúdio Moreira Maria das Graças Mendonça – Foto: acervo Style Guide

Segue abaixo na íntegra essa matéria espetacular!

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Visão do Vinhedo da Real Companhia Velha – Foto: divulgação

Gaby – Sr. Pedro conte-nos um pouco da história da Vinícola da sua família…

Sr. Pedro – A história da minha família com o vinho começa em pleno século 20, meu avô trabalhava numa vinícula, mas a história da Real Companhia Velha está muito além da história da minha família. A história da Real Compahia Velha começa em 1756, numa estática de empresa mercantil fundada por Don José por iniciativa do Marquês de Pombal, o primeiro Ministro da época. Portugal atravessa um momento difícil e Pombal desenha um plano estratégico e aproveita para fazer uma modernização da economia portuguesa e promove a fundação de várias companhias mercantilistas, algumas delas no Brasil com o propósito de fomentar e promover a economia portuguesa que estava agarrada a uma economia feudal na intenção de criar uma economia burguesa. É assim que nasce a Companhia cujo capital, segundo os estatutos, pertencia aos principais labradores do Alto D’oro e os Homens Bons da cidade do Porto. Nasce com um leque muito grande de acionistas e com a proposta de criar uma demarcação da região D’Oro, que foi a primeira demarcação de vinícola do mundo! E ainda estabelecer a regulamentação do comércio e produção do vinho do Porto. Pois o Vinho do Porto já fazia sucesso, mas comercialmente era controlada pelos ingleses. Até 1834 tem uma relação forte com o estado. A Real Companhia do Porto fundou uma escola, A escola de Náutica do Porto que virou a Universidade do Porto e criou uma infraestrutura para exportar o Vinho do Porto. Foi uma empresa muito importante na história do Norte de Portugal. Em 1834 com a gestão de Don Pedro a empresa deixa de ser estatal, mas os acionistas continuam com a comercialização do vinho. Em 1950 a minha família se torna acionista da Real Companhia Velha, no século 18, o número de acionistas começa a afunilar. Em 1970 meu pai se torna maior acionista.

Gaby – Trabalhar na vinícola foi uma opção sua ou uma exigência familiar?

Sr. Pedro – Eu diria que foi uma exigência natural. Eu nasci formatado para trabalhar numa vinícola. Mas aceitei com naturalidade e com uma vocação pré-definida.

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Pedro Silva Reis e filho – Foto: Divulgação

Gaby – Quem mais da sua família trabalha na vinícola?

Sr. Pedro – Minha irmã mais velha trabalha na vinícola e meu filho mais velho também. Esperamos que a empresa passe de geração a geração.

Gaby – Como foi para o Sr. assumir tão jovem a Diretoria da Associação Empresarial de Portugal?

Sr. Pedro – Foi uma experiência muito interessante porque era uma associação muito privilegiada, naquela época já tinha 150 anos. Todos os seus diretores eram empresários Sêniores e o presidente achava que deveriam ter dois jovens na diretoria então pediu indicação a associação de jovens que havia sido formada por mim, e indicaram meu nome para a diretoria dos pesos pesados. Foi uma relação de Junior para Sênior e tive o privilégio de permanecer dois mandatos.

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Vinhos da real Companhia Velha – Foto: Gabriella Negromonte

Gaby – O que mudou na empresa da sua família desde que o Sr. assumiu a presidência?

Sr. Pedro – Mudou muita coisa. Por dois motivos. Porque sentimos a necessidade de evoluir. Complementamos o Vinho do Porto com uma linha do Vinho D’Oro. Hoje os vinhos D’Oro superam a produção do Vinho do Porto. Tentamos acompanhar as oscilações do mercado e desenvolvermos um programa de evolução e experimentação. E com muito sucesso inserimos nossos novos vinhos no mercado europeu. Tentamos acompanhar a evolução e essa oscilação entre a valorização do tradicional e a busca pelo novo. E a nossa empresa está pronta para acompanhar a flutuação do mercado, graças a uma equipe jovem que está sempre em busca da inovação. Buscamos também posicionar o Vinho do Porto no mercado de luxo ao lado do Champagne, o conhaque, entre outros para que os Vinhos do Porto velhos tenham seus devidos valores.

Gaby – Qual a posição do Vinho do Porto da Real Companhia Velha no mercado português e mundial no momento?

Sr. Pedro – É uma posição bastante confortável. Temos uma marca Premium e com a inserção do Vinho D’Oro conseguimos equilibrar as finanças e conseguimos valorizar o vinho do porto de acordo com sua tradição e história.

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Quinta dos Aciprestes – Foto: Gabriella Negromonte

Gaby – De todos os vinhos criados pela Real Companhia Velha, qual o Sr. tem mais orgulho de ter criado?

Sr. Pedro – Os Vinhos são um pouco como filhos. Difícil escolher entre um vinho. Contudo de todos os projetos, tenho forte ligação com o Quinta dos Aciprestes. Era uma propriedade que está há muito tempo na minha família e era uma marca que servia de matéria-prima. Ela foi individualizada como um projeto do vinho D’Oro e que teve um sucesso praticamente instantâneo. E por isso tenho um carinho especial.

Gaby – Quais os prêmios já alcançados pela vinícola?

Sr. Pedro – Há um leque grande de prêmios recebidos. Mas houve um prêmio em particular, que teve um sabor especial. O ano passado, A Wine Spectator, elegeu o nosso Vinho Porca de Murça, vinho da linha D’oro como top 100. Melhor vinho acessível do mundo!

Gaby – Hoje, onde estão presentes os vinhos da Real Companhia Velha?

Sr. Pedro – Temos presença muito forte na Europa e na América em geral. No total estamos presentes em cerca de 48 países. Estamos um pouco de todo lado.

Gaby – Qual a importância dos consumidores brasileiros para o seu vinho?

Sr. Pedro – Muito grande. O Brasil é um país absolutamente estratégico para nós e ainda temos uma relação histórica com o Brasil. A primeira importação para o Brasil foi em 5 de dezembro de 1756. A vinícola foi fundada em setembro deste ano e em dezembro já enviávamos a primeira embarcação para o Brasil. Desde então a empresa nunca parou de vender para o Brasil. Temos uma tradição e história com o Brasil que fazemos questão de manter.

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Vivianne Mendonça Pedro Silva Reis Flavio Pedretti – No Jantar Harmonizado no Bistrot du Vin Adega – Foto: Gabriella Negromonte

Gaby – Como começou sua parceria com o Bistrot du Vin Adega?

Sr. Pedro – Conheci a Vivianne numa feira em São Paulo. Nosso importador nos apresentou. Disse que Vivianne tinha um projeto interessante na Bahia e quando ele disse seu sobrenome “Mendonça” o questionei se ela tinha relação com a família Paes Mendonça. E uma vez que ele me disse que ela era neta de Seu Mamade eu pedi que fosse apresentado a ela imediatamente.

Gaby – O Sr. conheceu Seu Mamede?

Sr. Pedro – A primeira vez que vim a Bahia, 32 anos atrás, foi para visitar Seu Mamade. Foi uma das minhas primeiras viagens ao Brasil e seu Mamade (Proprietário do Grupo Paes Mendonça) era um de nossos grandes clientes. E foi um encontro muito engraçado porque fomos anunciados que éramos os representantes da Real companhia Velha e seu Mamade veio a sala, ao nosso encontro e perguntava ao seu assistente: Onde estão?

Seu assistente respondia – Estão ali! – apontando para nós
E Seu Mamede – Como assim? Esses dois meninos?

Ele achou a maior graça sermos jovens representantes de uma Companhia tão antiga e tradicional.

Ele passou a tarde toda conosco, nos levou para almoçar no seu restaurante Baby Beef, mostrou toda a empresa. Enfim dedicou um tempo absurdo a nós. Fez um pedido de 14 containers, um pedido enorme. E ficamos com uma gratidão enorme e por isso nossa vontade de conhecer Vivianne. E quando conheci Vivianne a convidei para conhecer nossas vinícolas em Portugal, pois tinha grande vontade de retribuir o carinho e atenção que seu Mamede dedicou a nós.

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Requinte da mesa do Jantar Harmonizado no Bistrot du Vin Adega – Foto: Gabriella Negromonte

Gaby – Qual a importância desse evento aqui em Salvador para a Real Companhia Velha?

Sr. Pedro – Muito interessante. O Brasil tem um consumo de vinho absolutamente extraordinário e esses eventos são bem praticados em São Paulo e Rio e quase inéditos no Nordeste. E esses eventos são muito importantes para a Real Companhia Velha. Então ter uma parceira como Vivianne Mendonça na Bahia é muito estratégico. O Bistot du Vin Adega é uma especialista, dá muito informação e divulga muito seus produtos. Esse jantar de harmonização é a melhor forma de divulgar e aprender sobre vinhos. Vocês aprendem sobre vinhos e nós aprendemos sobre o mercado. É um aprendizado mútuo.

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Sr. Pedro falando sobre seus vinhos no Jantar Harmonizado no Bistrot du Vin Adega – Foto: Gabriella Negromonte

Gaby – O evento teve o resultado que o Sr. Esperava?

Sr. Pedro – O evento foi uma surpresa. Fiquei muito surpreendido com a audiência e com o número expressivo de convidados. O vinho foi muito aceito pelas pessoas e ficamos muito felizes com o resultado do evento.

Gaby – O que o senhor mais gosta da Bahia?

Sr. Pedro – A maneira acolhedora como somos recebidos, a culinária. Me sinto em casa aqui.

Gaby – Grande honra tê-lo aqui conosco e esperamos ter mais eventos maravilhosos como o da noite passada!

Sr. Pedro – O prazer é sempre nosso. Esperamos retornar em breve!

Para ver o sucesso do Jantar Harmonizado promovido pelo Bistrot du Vin Adega e a Real Companhia Velha acesse o link: https://gabriellanegromonte.com/o-maravilho-jantar-harmonizado-do-bistrot-du-vin-adega-em-parceria-com-a-real-companhia-velha/

E não deixe de reservar uma mesa para os próximos eventos enogastronômicos mais incríveis da cidade no Bistrot du Vin Adega!

Para adquirir os vinhos da Real Companhia Velha é só fazer uma visita ao empório do  Bistrot du Vin Adega!

O Bistrot fica na Rua Minas Gerais, 197 – Pituba.

O Empório do Bistrot funciona de segunda a sábado das 9:00 as 21:00 e aos domingos das 10:00 as 14:00. O restaurante funciona domingos e segunda-feira apenas para o almoço e de terça a sábado para almoço e jantar. Telefone para contato: 71 – 3362-1411/ 3231-1933

Site: http://www.bistrotduvinadega.com.br/

Instagram: @viviannemendonca

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Autor: Gaby Negromonte

Mãe, Estilista, Stylist, Consultora Criativa, Consultora de Moda, Consultora de Imagem, Técnica em Ciência Têxtil, Empresária, Turismóloga, Globe Trotter, Poliglota e Curiosa…

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